Os executivos brasileiros não estão muito contentes com o desempenho de suas empresas na implementação da Governança Ambiental, Social e Corporativa, o ESG, na sigla em inglês. Nada menos do que 42% deles classificam que a atuação das suas organizações nesse quesito é apenas razoável. Apenas 27% das lideranças estão bem satisfeitas com os projetos desenvolvidos para contemplar as metas das três siglas que agora fazem a diferença no universo corporativo.
Segundo a pesquisa realizada em 2023 pela Data-Makers com 170 líderes de negócios, entre CEOs e C-Levels dos mais diferentes segmentos, as barreiras mais importantes para a adoção de ESG nas organizações são a falta de conhecimento (49%), a pressão por resultados de curto prazo (48%), a falta de profissionais preparados (46%) e a ausência de prioridade ao tema (45%).
Um palpite para entender a dificuldade dos gestores com o ESG é a prioridade de objetivos que os executivos atribuem ao tema. Os líderes acreditam que a imagem é a principal motivação para a adoção de práticas na área, com 85% das menções. Em segundo lugar, vem a reputação corporativa, com 65% dos apontamentos. Questões operacionais surgem bem depois da preocupação com o puro e simples polimento da marca.
Os executivos brasileiros deveriam ler um artigo da McKinsey denominado “Five ways that ESG creates value”, em português, “cinco maneiras de o ESG criar valor”. No estudo, os consultores Witold Henisz, Tim Koller e Robin Nuttall identificam como a Governança Ambiental, Social e Corporativa vai muito além do marketing e pode contribuir com a gestão. Confira os pontos sugeridos pela consultoria.
1. Crescimento de receita
Uma forte proposta ESG ajuda as empresas a explorar novos mercados e a se expandir para os já existentes. Quando as autoridades governamentais confiam nas empresas, é mais provável que concedam acesso, aprovações e licenças que proporcionem novas oportunidades de crescimento.
2. Reduções de custos
O ESG também pode reduzir substancialmente os custos. Entre outras vantagens, a execução eficaz do programa pode ajudar a combater o aumento das despesas operacionais, tais como os custos das matérias-primas e a despesa real com água ou carbono. Uma pesquisa da McKinsey descobriu que esses elementos podem afetar os lucros operacionais em até 60%.
3. Redução das intervenções regulatórias e legais
Uma proposta de valor externo mais forte pode permitir às empresas alcançar maior liberdade estratégica, o que alivia a pressão regulatória. Na verdade, a McKinsey analisou dezenas de casos em todos os setores e geografias e constatou que a força do ESG ajuda a reduzir o risco das organizações com sanções governamentais.
4. Aumento da produtividade dos funcionários
Uma forte proposta ESG pode ajudar as empresas a atrair e reter colaboradores de qualidade, aumentar a motivação dos profissionais – ao incutir um sentido de propósito – e aumentar a produtividade em geral.
5. Investimento e otimização de ativos
Uma proposta ESG forte pode aumentar o retorno do investimento, ao alocar capital para oportunidades mais promissoras e mais sustentáveis, tais como energias renováveis, redução de resíduos e depuradores.
O desconhecimento dos cinco pontos levantados pelo artigo da McKinsey pode explicar também a diferença que existe entre a relevância que os líderes brasileiros atribuem ao tema e o conhecimento que admitem ter sobre o assunto. Segundo os dados da pesquisa da Data-Makers, 92% dos executivos determinam o ESG como extremamente importante ou muito importante para o futuro das empresas. Porém, o domínio sobre a pauta é diminuto. Somente 16% dos gestores garantem conhecer a questão em profundidade.
A falta de entendimento do ESG não é o único elemento a dificultar o avanço desse tema estratégico nas organizações. Segundo os executivos, também há a necessidade de um melhor sistema de mensuração. A pesquisa mostra que entre os fatores mais limitantes para a adoção de práticas nessa área estão a ausência de dados (38%), KPIs claros (37%) e fontes de benchmarking (32%).